sexta-feira, 25 de maio de 2007

Universidade de Aveiro no Second Life

Embora o meu propósito neste blog não seja apenas falar do Second Life, plataforma que já expliquei no meu último post, a verdade é que o acaso proporcionou que mais uma vez aborde o leque de opções que este "jogo da vida real" abre no nosso dia-a-dia.

Segundo uma notícia da revista Exame, parece que a incursão no Second Life não se limita a empresas que desejam promover os seus produtos ou a políticos que desejam alargar a sua campanha ao mundo virtual. Agora, a construção de edifícios, a concretização de conferências e seminários e muito mais alarga-se também às Universidades de todo o mundo: mais de 70 já têm um clone seu no Second Life, à disposição de qualquer um, abertas 24 horas por dia.

Em Portugal, a pioneira é a Universidade de Aveiro. O projecto está a ser desenvolvido numa ilha do Second Life que é dedicada a projectos educativos, contribuindo para que cada vez menos plataformas como esta deixem de ser consideradas com meras fontes de vício e passem a ter fins verdadeiramente pedagógicos.

Uma vez que no meu último post não tive oportunidade de explorar em termos conceptuais o alcance da presença de uma entidade no Second Life, fá-lo-ei agora.

Antes de mais, uma grande vantagem do Second Life é o seu baixo custo. Uma presença no Second Life está ao alcance de qualquer utilizador com acesso a um computador com internet, esteja em que parte do mundo estiver. Um estudante em França pode escolher que faculdade frequentar se quiser vir estudar para Portugal visitando a sua imagem virtual no Second Life. Pode assistir às conferências lá organizdas, pode passear pelo edifício (e este pode estar representado com maior ou menor fidelidade ao edifício real) e conhecer estudantes verdadeiros que por lá andem, envolvidos nas actividades virtuais da universidade.

Dificilmente uma campanha publicitária ou um website garante o mesmo.

Estar no Second Life é também um grande passo em direcção à internacionalização. É estar definitivamente presente na comunidade global, ultrapassando o contexto geográfico/económico/social ao partilhar o mesmo mundo/espaço que as suas congéneres internacionais: podemos ter Harvard ao lado da Universiade de Aveiro ou o MIT ao lado do ISCTE. Relembro que o utilizadores (mercado-alvo) facilmente acedem tanto a uma como a oura.

O Second Life promove, assim, o princípio do marketing por experimentação (com certeza que deve haver um termo técnico aplicável que desconheço neste momento), que permite ao utilizador/cliente não só experimentar como viver o produto antes de optar.

Por último, não posso deixar de comentar como uma fantástica vantagem do desenvolvimnto deste tipo de projectos numa universidade a injecção de dinâmica e empreendorismo que representam na vida académica da instituição. Representa tudo aquilo que uma universidade deve ter: cooperação entre professores e alunos, cooperação entre alunos dos vários cursos e uma oportunidade única de aplicação na prática de todos os conhecimentos que vamos adquirindo ao longo do curso.

Links externos:

Notícia da Universidade de Aveiro
Lista de Negócios e Organizações no Second Life
Site do Second Life

Joana Nicolau

quarta-feira, 9 de maio de 2007

O Líder Madeirense

Na última semana Alberto João Jardim venceu, mais uma vez, na Madeira. A eleição não deixou margem para dúvidas. O líder incontestado da região autónoma ganhou com uma larga margem de avanço sobre os seus adversários. O estilo arrogante e provocador não agrada a todos. Aliás, sejamos francos, às vezes incomoda.

Jardim é um líder. As declarações bombásticas personificam uma atitude que lhe trás votos. A cultura da “madeira contra o mundo” e dos “bastardos neo-colonialistas de Lisboa” personifica uma postura de rebeldia muito própria que agrada ao povo madeirense. As pessoas não querem ser esquecidas e, por isso, defendem a sua terra com unhas e dentes.

A isto acrescem os resultados. A Ilha que, com outro governo, seria menos rica, menos desenvolvida e menos importante para Portugal (basta lembrar o caso dos Açores) melhorou, ao longo dos anos, o seu nível de desenvolvimento. Os esforços de Jardim têm, de facto, dado frutos. Além do estilo, as pessoas olham à obra feita.

Justamente na projecção da sua obra, Jardim é mestre. Com uma relação de amor-ódio com a imprensa, o líder sabe projectar o que de bom vai acontecendo na sua ilha. Nas campanhas eleitorais desdobra-se em inaugurações e comícios e ataca, permanentemente, os obscuros interesses do Governo central que, nas suas palavras, se prepara para tomar de assalto a madeira e os madeirenses. De referir, aliás, que estas eleições foram uma resposta aos cortes no orçamento da região autónoma, impostos pelo governo de Sócrates. Descontente com a nova lei das finanças regionais, Jardim demitiu-se alegando que não tinha condições para exercer a sua função. Candidatou-se novamente ao cargo e, como vimos, venceu.

A pergunta parece óbvia: se não tem condições para exercer a função, porque se candidata novamente? Parece existir alguma contradição no seu comportamento, mas esta é uma jogada política brilhante. Jardim já percebeu que dificilmente terá as mesmas liberdades orçamentais de outros tempos. Assim, deixar passar esta lei sem provocar alguma instabilidade no continente seria perder credibilidade junto do seu povo. A sua demissão não serviu para protestar contra a nova lei. A sua demissão serviu, isso sim, para mostrar aos madeirenses que, mesmo na derrota, ele não desiste de os defender e, por isso, podem confiar nele. Está lá, na linha da frente e luta, como sempre lutou, por eles. Pode perder, vai perder… mas não vai perder sem lutar.

terça-feira, 1 de maio de 2007