segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mourinho

Mourinho sai do Chelsea. Mas fica. Tal como ficou no FC Porto. Porque permanecem as conquistas. No FC Porto um jovem treinador adjunto recentemente promovido a principal ousa dizer que será campeão e ganha tudo em dois anos: dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal, uma Supertaça, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões. Dando uma visibilidade ao futebol portugês de que este já se tinha esquecido. O próprio papel de treinador foi reformulado. Deixou de ser apenas o que recebe as culpas das derrotas. O treinador é o visionário dos triunfos, o estratega das conquistas.

Vai para Inglaterra. Segundo a imprensa local, não teria hipótese numa liga competitiva e com os níveis de pressão a que estão sujeitos os seus intervenientes. O clube não é de topo. Nada que o assuste. Com Mourinho não existem estrelas no grupo. A estrela é o grupo. O grupo deve funcionar harmoniosamente sob o comando do líder. Ele tem o conhecimento técnico e a capacidade para motivar todos para o mesmo objectivo: vencer.

No campo da motivação mourinho joga fora e em casa.

Em casa porque une o seu grupo de maneira a que, mais do que jogar para vencer o jogo, a equipa está em campo para se vencer a si própria, para ultrapassar os seus limites e, acima de tudo, para provar a si mesma que é a melhor.

Joga fora porque a motivação dos seus jogadores é, também, a intimidação dos adversários. O jogo começa na conferência de imprensa que o antecede e só termina na entrevista posterior. Os famosos "mind games" são, também eles, uma técnica de liderança. Porque a melhor defesa é o ataque. Há quem pense que a sua atitude é um pouco pretensiosa ou arrogante. Mas não é. A diferença entre auto-confiança e arrogância é que a auto-confiança é realista e tem conteúdo e a arrogância não resiste ao primeiro confronto. Assumir que, mais do que querer ganhar, se vai ganhar de facto, é deixar dois recados: por um lado a concorrência não terá qualquer hipótese, por outro, o líder confia no grupo e isso só sucederá se o grupo se mantiver coeso e forte e for, realmente, uma equipa. Uma equipa especial.

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